Pandemia e a morte dos indesejáveis

março de 2021

Boa origem

Desde o Século XIX circula uma ideia, entre alguns médicos e cientistas, de “purificar” a sociedade de “seres indesejáveis”. Naquela época os alvos desta eugenia (que em grego significa “boa origem”) eram pessoas com alguma deficiência mental, crianças com algum problema grave de saúde e deficientes físicos. Tinham como fundamentação teórica o conceito de seleção natural de Charles Darwin. 

Esta ideia eugenista foi bastante disseminada por Francis Galton, antropólogo e primo de Darwin, a partir de 1883. Galton queria comprovar que a capacidade intelectual seria hereditária. Assim justificava o extermínio de negros, imigrantes asiáticos e deficientes.

O objetivo de suas teses era aperfeiçoar a raça humana. Além das exclusões, Galton também sugeria que fossem evitados cruzamentos com seres humanos “indesejáveis”.

Galton estendeu as implicações da teoria da seleção natural, indicando que os seus estudos demonstravam que além da cor dos olhos, feição, altura e demais aspectos fisiológicos, também traços comportamentais, habilidades intelectuais, poéticas e artísticas seriam transmitidas dos pais aos filhos.

Exportação para o Brasil

O Brasil adotou a ideia e criou um movimento interno de eugenia. Médicos, engenheiros, jornalistas e a elite intelectual vislumbraram a eugenia como ‘solução’ para o desenvolvimento do país. 

Os negros eram responsabilizados pelas epidemias no país e a elite brasileira pregava a eugenia como um instrumento de “higienização-social”.

O Dr. Renato Kehl, renomado médico brasileiro, acabou se tornando o pai da eugenia no país.  Ele pregava a melhoria racial com um projeto de predomínio da raça branca.

Mas não só os cientistas e médicos aderiram ao movimento eugenista. Donos de jornais de grande circulação, membros da Academia Brasileira de Letras, fundadores de faculdades de medicina (Homenageado com uma avenida em São Paulo denominada Doutor Arnaldo) e o renomado escritor Monteiro Lobato.

Monteiro Lobato escreveu um livro denominado “O presidente negro – o choque das raças” que narrava a história de um homem negro que teria virado presidente dos Estados Unidos da América (no ano de 2228) e ironicamente teria unido os brancos para exterminar todos os negros do país.

Após lançar este livro, Monteiro Lobato envia uma mensagem para Renato Kehl:

“Renato, tu és o pai da eugenia no Brasil e a ti devia eu dedicar meu Choque, grito de guerra pró-eugenia. Vejo que errei não te pondo lá no frontispício, mas perdoai a este estropeado amigo. Precisamos lançar, vulgarizar estas ideais. A humanidade precisa de uma coisa só: poda. É como a vinha”.

Fonte: Lobato.” in História Viva , edição 49 – Novembro 2007 Eugenia, a biologia como farsa, por Pietra Diwan.

A eugenia nazista

Na Alemanha nazista um grupo de médicos e cientistas desenvolveu um projeto para “purificar” a sociedade germânica de “seres indesejáveis”. Eram indesejáveis não apenas os deficientes, negros etc. Os judeus também. Vivenciaram a sua Shoah (em hebraico significa catástrofe) com a morte de um milhão de crianças, dois milhões de mulheres e três milhões de homens. 

Sem fugir do espectro de fria crueldade, vimos uma condução irônica da purificação da raça ariana através de Hitler, Goering e Himmler que não eram arianos. Todos tinham deficiências indesejáveis.

Os economistas eugenistas

Mas o mundo avançou e o elenco de indesejáveis se ampliou. Os pobres, de qualquer raça ou cor e os que não geram nem consomem capital, entraram no grupo dos extermináveis. Trata-se de uma eugenia social. 

O liberalismo, na sua fase atual, não se interessa por quem não se torne um capital. Se não é ou gera capital é descartável. Mas o descartável tem custo. O pobre, o aposentado e o desempregado, por exemplo, geram custos ao Estado, aos bancos e às grandes corporações. Melhor seria se eles não existissem.

As guerras, a fome e a miséria são instrumentos razoáveis para o extermínio gradual e a diminuição de alguns custos. Mas uma epidemia virótica pode ser mais eficaz.

Pan-eugenia

Mas uma pandemia virótica aguda, desconhecida da medicina, tratada por sistemas de saúde colapsados, pode ser um grande instrumento. Não precisa gastar nada para exterminar os “indesejáveis”. É só não fazer nada. Nada de protocolos sanitários e nada de vacinas. Se possível, disseminar que as vacinas são perigosas e não imunizam.

O movimento eugenista não é exclusivo dos nazistas, mas eles ainda são os maiores especialistas.

Pandemoney

Uma pandemia também pode ser um bom negócio se for divulgado que alguns remédios podem curar a doença. Se a pessoa se curar, pode até achar que foi por causa de algum destes remédios. 

Ainda há outro aspecto pouco discutido. Na pandemia, várias empresas estão quebrando, principalmente as pequenas e médias. Mas muitas, principalmente, grandes empresas, cresceram e lucraram muito. Estas vão “engolir” as que quebraram. Assim como na crise de 1929 onde muitas empresas quebraram, mas foram criadas as maiores fortunas da época. 

Guerra é negócio. Crises financeiras provocadas (como as de 1929, 1979 e 2008) são negócios. E agora, pandemia também é negócio. 

Aos leitores

Leon Ayres

Sei que este texto pode aparentar uma teoria da conspiração ou exagerado. Se duvidar ou não, pesquise. O que não podemos é nos refugiar na ingenuidade do provocado desconhecimento.

As nossas responsabilidades e compromissos com a humanidade devem se refletir em ações para que exterminemos este indesejável projeto eugenista.