Vozativabrasil, 09 de setembro de 2008
Durante a segunda reunião com a Secretária Executiva, ela perguntou se os servidores do Datasus não estariam todos no mesmo barco. O assunto virou polêmica, e na tentativa de ajudar os colegas a escolherem embarcações e destinos, o Vozativa traz algumas histórias que envolvem barcos. São dois casos famosos: um de sucesso e outro de fracasso. Finalizando trazemos uma análise metodológica sobre modelo de gestão a partir de uma suposta competição de remo entre Brasil e Japão.
Caso de sucesso – Ouvindo a equipe em um barco humanizado
Um pouco antes das olimpíadas de 2008, o multimedalhista Robert Scheidt deu uma entrevista para uma emissora de TV, contando suas experiências nas diversas olimpíadas em que havia participado. Atleta muito técnico e disciplinado, Scheidt sempre primou pela capacidade de se antecipar aos fatos e aos ventos.
Muitas pessoas que fazem jardinagem costumam falar com as suas plantas. Dizem que as estimulam e as ajudam a ficarem viçosas. Scheidt também tem uma relação bem íntima com seus barcos. Ele conversa com eles. Diz o quanto está preparado para determinada prova; nas derrotas lamenta ao lado deles; celebra nas vitórias e dá satisfações. Mas Scheidt não traz para si todos os louros de suas vitórias. Ele credita grande parte de seu sucesso à sua equipe, pois ele a ouve, a ponto de algumas vezes mudar de rumo para chegar ao porto planejado. Segundo Scheidt, este é um dos segredos do seu sucesso.
Caso de fracasso – P34 da Petrobrax
Já a experiência da plataforma brasileira P34 foi bem diferente. Afundou antes de chegar ao seu local de trabalho. Foi um vexame para o país, mas diagnosticado.
Nas análises do desastre foi mostrado que a plataforma foi construída com a filosofia da terceirização dos serviços e suas lendas da época. A má gestão também comprometeu consideravelmente o projeto. Foi uma tragédia anunciada, já que os petroleiros já haviam se posicionado contra a terceirização e criticado a incompetência daquela gestão. A falta de humildade e a falta de diálogo com os petroleiros foram as maiores causas do fracasso.
Análise metodológica – Competição de remo
Foi realizada uma competição entre a equipe de remo do Japão e a equipe de remo brasileira. A competição se inicia, mas o resultado não é favorável para a nossa equipe… Chegamos com uma hora de atraso em relação aos japoneses.
Os brasileiros, indignados, fizeram várias reuniões para averiguar a causa da derrota. Assim ficou o resumo do relatório que fazia a comparação das equipes:
Japão: 1 Chefe de Equipe e 10 Remadores
Brasil: 10 Chefes de Equipe e 1 Remador
Descoberto o grande erro, a equipe brasileira foi remodelada para a próxima competição. Porém, perdemos novamente e, dessa vez, o nosso atraso foi de 2 horas. Mais uma vez foram convocadas reuniões e viagens para o estudo das causas. Segue o resumo:
Japão: 1 Chefe de Equipe e 10 Remadores
Brasil: 1 Chefe de Equipe, 3 Chefes de Departamento, 6 Auxiliares de Chefia e 1 Remador.
Mais uma vez, o erro foi identificado e uma nova equipe foi montada.
Tudo foi levado em conta: resizing, downsizing, PDS, PMI e ainda economistas opinando. Conceitos de modernidade e globalização passaram a ser considerados. Porém, na hora da competição, o Brasil chegou com 3 horas de atraso. Mais reuniões, etc. Foi feito outro levantamento…
Japão: 1 Chefe de Equipe e 10 Remadores
Brasil: 1 Chefe de Equipe, 3 Chefes de Departamento, 2 Analistas de Negócio, 2 Controllers, 1 Auditor Independente, 1 Gerente de QualidadeTotal e 1 Remador.
Depois de muitos argumentos e discussões, chegaram à seguinte conclusão definitiva: o problema era, claro e evidente, do remador, que, com certeza, por culpa de influência do sindicato e por causa de sua falta de treinamento não era capaz de exercer sua atividade com eficiência. A solução sugerida foi a privatização ou terceirização e/ou contratar um remador que não fosse da folha do clube.