HOSPUB e Prontuário Eletrônico não foram atingidos pelo ataque de hackers na Prefeitura do Rio

Leon Ayres em 16/08/2022

Circulou pela imprensa que sistemas da Prefeitura do Rio sofreram ataques de hackers.  Gostaria de dividir uma reflexão com os que trabalham com Tecnologia da Informação, gestores da saúde e beneficiários desses serviços.

Como foi noticiado

Às 2h desta segunda-feira, técnicos do Iplan detectaram que o Datacenter da Prefeitura do Rio foi alvo de um ataque cibernético. A ação criminosa indisponibilizou o acesso a vários serviços prestados aos cariocas, como o portal Carioca Digital, o Nota Carioca e o Rio Mais Fácil.  Vale destacar que a equipe do Iplan conseguiu evitar que os sistemas fazendários fossem afetados pela ação do hacker. Mas, por segurança, eles estão fora do ar até que toda a operação da Prefeitura do Rio volte ao normal. No momento, técnicos do Iplan trabalham para restabelecer todo o sistema.

Ambientes escuros

A velocidade da modernidade não nos protege dela mesma. Os sistemas nos fortalecem, mas, naturalmente, nos vulnerabilizam. Não dá para falar “qual é a última” porque enquanto estivermos explicando, ela se tornará “a penúltima”, pois outra já terá surgido.

Ou seja, sempre há riscos por causa do rápido avanço tecnológico que tem muitas “áreas escuras”. Até o Pentágono, a Nasa e outras entidades que se utilizam de alta tecnologia já foram invadidas.

Mas temos uma saída importante para lidar com este mundo escuro da segurança. Está  baseada no amadurecimento da observação profissional, que não sai utilizando novas tecnologias como se fossem a solução por si só. Uma cilada através do desnecessário consumismo tecnológico. A tecnologia é uma expansão de nós mesmos. Temos que adquirir experiência para utilizá-las. O mundo da Tecnologia da Informação é cheio de “Cavalos de Tróia”.

A maturidade do HOSPUB e a juventude do Prontuário Eletrônico

O HOSPUB tem algumas filosofias amadurecidas. Ao longo dos seus 37 anos de idade vem colhendo e atendendo demandas de cerca de 500 unidades de saúde em todo o Brasil. O HOSPUB tem mais de 2.500 funcionalidades e é o sistema público de gerenciamento hospitalar de maior sucesso no Brasil.

É um dos mais seguros também. Possui uma filosofia de cópias automáticas de segurança periódicas (várias vezes ao dia) que são gravadas em diversos locais ao mesmo tempo.  Não houve um caso sequer de invasão ao banco de dados do HOSPUB. Por seguir regras de segurança singulares e extremamente complexas, o banco de dados do HOSPUB tem garantidas proteções às informações. Os bancos de dados lançados mais recentemente no mercado são profundamente conhecidos e invadidos por hackers em todo o mundo. Não se pode esconder atrás de uma porta que todo mundo sabe abrir…


O HOSPUB e o Prontuário Eletrônico trabalham totalmente integrados. O HOSPUB é um sistema para a parte de gerenciamento e administração hospitalar, e o Prontuário Eletrônico trata da assistência. 

Nenhum dos dois sistemas foi atingido pelo ataque de hacker. Um fator importante, que favoreceu a proteção dos sistemas e seus dados, foi a sua arquitetura de instalação. Cada unidade tem o seu servidor onde estão os sistemas e dados. Se estes estivessem simplesmente centralizados em um servidor, ficariam vulneráveis.

A Prefeitura do Rio de Janeiro investiu e continua a investir na informatização hospitalar e está tirando um grande proveito pelo fato de ter um projeto que traz vantajosidade, segurança e alto desempenho a baixíssimo custo.

Este ataque cibernético não atingiu o HOSPUB nem o Prontuário Eletrônico.
Em dias de tempestade é que descobrimos se o nosso barco é bom ou não.

Um projeto de futuro

O município tem noção da importância da utilização do HOSPUB e Prontuário Eletrônico e está ampliando as suas  utilizações como meta de governo. O município também está dando um passo importante na direção da unificação dos prontuários existentes. Para evoluir com segurança o município deverá tomar decisões importantes

São ações relativas à segurança e desempenho dos dois sistemas. Os bancos de dados  devem ficar contingenciados tanto nas unidades de saúde, quanto no banco de dados que funcionará como centralizador. Os dois níveis trabalham juntos e garantem continuidade dos serviços, mesmo em caso de pane.

Esta é uma experiência exitosa, funciona, garante segurança e desempenho.  Não há nada de moderno ou de antigo nesta ideia. É resultado de uma experiência real no município de Porto Velho e no governo de estado de Rondônia, onde toda a rede de atenção está interligada desta forma. Os sistemas não caem nem são invadidos.

Os projetos nascem dos grandes projetos. Mais duradouros do que os projetos de governo, os de estado garantem a estrutura do futuro de médio e longo prazo. O HOSPUB e o Prontuário Eletrônico foram implantados no município com a finalidade de cumprir esta meta. Dar cidadania, assim como ferramentas ágeis para os profissionais de saúde e gestores da rede de atenção. E felizmente está cumprindo.

Leon Ayres

Analista de Sistemas
ex-Chefe da Assessoria Técnica da Informação da SMS-RJ

Missão cumprida!

Leon Ayres em 09 de fevereiro de 2021


“Cada vez que o homem escolhe seu compromisso e seu projeto com toda sinceridade e com toda lucidez, torna-se-lhe impossível preferir um outro.” Sartre

Sou analista de sistemas, servidor público do Ministério da Saúde desde 1991 quando saímos da Dataprev  para fundar o Datasus (órgão de Tecnologia da Informação do MS). Ao longo destes 30 anos participei do desenvolvimento de dezenas de sistemas para o SUS, tendo me especializado em informatização hospitalar.

Em 2018 trouxe para o município um sistema público e gratuito que acabou se denominando Prontuário Carioca Hospitalar (PCH). 

Trouxe comigo uma equipe muito experiente que já havia informatizado cerca de duzentas unidades de saúde (de baixa, média e alta complexidade) em todo o Brasil. Esta proposta se baseava em trazer um prontuário eletrônico para implantar nos quatro grandes hospitais de emergência. Havia uma grande facilidade para implantação: em 1995 já havíamos informatizado o Salgado Filho, e mais tarde o Lourenço Jorge, parte do Souza Aguiar, Miguel Couto e Raphael de Paula e Souza com o Sistema de Gerenciamento Hospitalar HOSPUB. Com o Prontuário Carioca Hospitalar os hospitais teriam o HOSPUB para fazer a administração e o PCH para atender à assistência (relação médico/paciente).

Fomos muito além daquilo que havíamos combinado

Também criamos:

  • o Prontuário Eletrônico para Dispositivos Móveis (para o cidadão ver seu prontuário no seu celular, micro ou tablet);
  • o Prontuário PET Carioca para fazer o gerenciamento e gestão das unidades veterinárias;
  • O Prontuário da Saúde Mental (o primeiro no Brasil);
  • O gerador de informações para rede de unidades de saúde denominado Gestor Municipal;
  • O Projeto CAF-AB para gerenciar a estocagem e distribuição de medicamentos na Atenção Básica, assim como o controle das solicitações do almoxarifado central;
  • Uma plataforma pública de Business Intelligence com dados de todo o Brasil, com acesso público. É utilizado por universidades, imprensa, Ministério Público e alguns órgãos de controle;
  • O Projeto de Automação dos Laboratórios de Patologia Clínica.

Quando fomos contratados pelo município o custo previsto para apenas colocação de um prontuário eletrônico era de 51 milhões de reais. Nós conseguimos desenvolver e implantar o Prontuário Carioca e os demais projetos por pouco mais de seis milhões de reais. Estes seis milhões de reais foram utilizados para aquisição de infraestrutura para implantação do PCH. Uma economia para o município de 45 milhões de reais! 

O que deixamos de infraestrutura para ser utilizada no Prontuário Carioca

Entramos com vários processos e adquirimos a infraestrutura necessária para implantar os nossos projetos.

  • 810 estações de trabalho;
  • 12 impressoras de código de barras;
  • 100 switches;
  • 36 servidores de aplicação;
  • 36 licenças de bancos de dados.

A nossa equipe desenvolve sistemas há mais de 30 anos como política de estado. Tanto faz qual é o governo. Não somos empresa e nem temos nenhum vínculo partidário.

No dia primeiro de janeiro de 2021 a área a qual pertencíamos (S/ATI), e que estava diretamente ligada ao gabinete da SMS, foi extinta. Dos oito profissionais que tratavam do treinamento, implantação e suporte operacional, sete foram demitidos. Desta forma fica totalmente prejudicada a implantação do Prontuário Carioca nas maternidades, hospitais de retaguarda e policlínicas, conforme havia sido planejado.

Implantações planejadas e concluídas

  • Hospital Municipal Souza Aguiar
  • Hospital Municipal Lourenço Jorge
  • Hospital Municipal Miguel Couto
  • Hospital Municipal Salgado Filho
  • Maternidade Leila Diniz

Implantações em andamento (paralisadas)

  • Hospital Raphael de Paula e Souza
  • Hospital Francisco da Silva Telles
  • Hospital Rocha Maia
  • Policlínica Rocha Maia
  • Maternidade Carmela Dutra
  • Maternidade do Miguel Couto

Implantações interrompidas

  • Hospital de Geriatria e Gerontologia
  • Hospital Maternidade Herculano Pinheiro
  • Hospital Municipal Albert Schweitzer
  • Hospital Municipal Álvaro Ramos
  • Hospital Municipal Barata Ribeiro
  • Hospital Municipal da Mulher Mariska Ribeiro
  • Hospital Municipal da Piedade
  • Hospital Municipal Evandro Freire
  • Hospital Municipal Nossa Senhora do Loreto
  • Hospital Municipal Paulino Werneck
  • Hospital Municipal Pedro II
  • Hospital Municipal Rocha Faria
  • Hospital Municipal Ronaldo Gazolla
  • Hospital Maternidade Alexander Fleming
  • Hospital Maternidade Fernando Magalhães
  • Hospital Municipal Jesus
  • Hospital Raphael de Paula Souza
  • Policlínica Antonio Ribeiro Netto
  • Policlínica Carlos Alberto Nascimento
  • Policlínica Hélio Pellegrino
  • Policlínica José Paranhos Fontenelle
  • Policlínica Lincoln de Freitas Filho
  • Policlínica Manoel Guilherme Pam Bangu
  • Policlínica Newton Alves Cardozo
  • Policlínica Newton Bethlem
  • Policlínica Rocha Maia
  • Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda (OS)
  • Hospital Maternidade Fernando Magalhães
  • Hospital Maternidade Herculano Pinheiro
  • Hospital Maternidade Alexander Fleming
  • Hospital da Mulher Mariska Ribeiro
  • Maternidade do Hospital Municipal Pedro II
  • Maternidade do Hospital Municipal Albert Schweitzer
  • Maternidade do Hospital Municipal Rocha Faria
  • Casa de Parto David Capistrano Filho

Foi um prazer trabalhar para a cidade do Rio de Janeiro

Foram três anos de muito trabalho, com muitos resultados e que nos deram muito orgulho na realização. Cumprimos integralmente com os nossos compromissos, com o menor custo possível e deixando um legado para o município de vários prontuários modernos e fáceis de serem utilizados.

Quero agradecer a todos que trabalharam para construção e implantação destes projetos. Sou testemunha de que no município há muitos profissionais competentes e comprometidos em suas funções. Que fazem o melhor que podem, para o município, independente do governo. Aprendi muito e fiz muitos e muitos amigos.

Novos governos, novas políticas. Quem ganha tem o direito e responsabilidade de escolher suas políticas de governo e de estado. 

Hoje me sinto com a missão cumprida e orgulho da minha habitual independência.

Obrigado, meus amigos!



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