O que ganhamos com as eleições nos EUA?

(Leon Ayres em 14/11/2020)

A política não é uma novela de conflito entre pessoas, é um conflito entre as classes sociais. No caso da burguesia internacional, há um conflito interno que gera guerras de rapina, ou seja, onde se disputa a caça.

America first

Quando falamos destas guerras não devemos considerá-las como atos de conflitos de relações exteriores, como nos querem fazer crer. Parecem países em conflito por valores democráticos etc. Não é isto, e sim uma cortina de fumaça para disfarçar seu verdadeiro intuito: atos para minar a concorrência e desenvolvimento político-comercial.

A ação militar e sua expressão máxima, a guerra, são instrumentos de afirmação de interesses político-comerciais. Neste sentido os EUA vêm fabricando guerras para garantir seus interesses, sejam pelos democratas e/ou republicanos. E em várias situações fizeram as guerras de comum acordo.

O “America first”, verbalizado no governo Trump, foi utilizado na prática por todos os governos que o antecederam. 

Guerras bélicas e comerciais

Os democratas, quando constroem suas guerras, visam prioritariamente atrapalhar o desenvolvimento dos seus grandes rivais comerciais, a China e a Rússia. A China é o seu maior parceiro e inimigo comercial. Uma contradição complicada de lidar. A China é quem mais compra dos EUA e os EUA são os que mais compram da China. Uma sinuca de bico, difícil de resolver. Além do mais, existe uma parte significativa da indústria americana que tem suas filiais ou matrizes na China. 

Então estas corporações americanas que ganham muito dinheiro na China não querem que a ela se dê mal, pois também afetaria seus negócios. Quando recentemente os EUA compraram máscaras da China, nesta pandemia, compraram de empresa americana sediada na lá. Nem tudo “made in China” é chinês! Pode ser um produto americano. Americanos recorrem aos Russos, como aliados, para ajuda-los neste xadrez comercial. Nas últimas eleições os russos até ajudaram no processo eleitoral do Trump.

Russos e chineses são inimigos históricos. Estar do lado da Rússia pode ser uma boa tática para minar os chineses. Mas isto não quer dizer que tudo se arranja entre o EUA e a Rússia. De vez em quando aparece uma Ucrânia para atrapalhar. Negócios são negócios, alianças à parte

Países não são amigos, apenas têm interesses comuns. Por isso fica cada vez mais irônico e difícil de entender os motivos das guerras atuais

É irônico os americanos fazerem aliança com os russos, que desfilam nas comemorações exibindo bandeiras com foice, martelo e as fotos do Lênin. 

Assim como também é irônico levarem para a terra de Mao Tsé Tung, e destes atuais “antidemocratas comunistas chineses”, as suas grandes corporações.

“No meio do caminho tinha uma guerra, tinha uma guerra no meio do caminho”.

Os democratas são muito experientes na criação de guerras de interesses político-comerciais. Estes conflitos bélicos são criados exatamente onde a China e a Rússia escoam seus produtos e serviços. Criam guerras com os países que viabilizam parte de seus negócios com a China e a Rússia. São países onde passam rotas comerciais, de petróleo e gás. 

Até há pouco tempo os democratas e republicanos fizeram estas atuações de forma conjunta. Joe Biden foi um articulador fundamental, dentro dos quadros democratas, buscando a união com os republicanos nas invasões e destruições de vários países. Como, por exemplo, no caso do Afeganistão (antigo aliado narcotraficante de ópio e heroína, que ajudou a expulsar os russos), da Líbia e do Iraque (antigo aliado contra o Irã). Negócios são negócios, alianças à parte. 

As novas tentativas de guerras comerciais

O governo republicano do Trump seguiu caminhos diferentes. Durante a sua primeira campanha à presidência criticou muito estas invasões, pois não trouxeram lucros comerciais para os EUA e ainda possibilitaram a criação de um grande inimigo na época, o Estado Islâmico.

A tática de Trump era fazer guerras comerciais através de frentes com países de diversos blocos. Isto gerou um conflito interno nos EUA, tanto com os democratas como com parte dos republicanos. 

Houve certo racha entre os republicanos, que atuavam belicamente há muito tempo. Para acalmar esta indústria, que também lucra com as guerras, o governo Trump comprou uma quantidade de armamentos que compensariam as perdas comerciais. Eram as “armas que não atiravam”, segundo os críticos da política Trump.

Estas guerras comerciais não deram certo. Não houve a adesão esperada. Trump conseguiu fazer com que países mais fracos, econômica ou politicamente, aderissem a esta guerra comercial, mesmo que tivessem prejuízos nacionais.

Temos como exemplo, o atual governo brasileiro: dá para entender a sua postura, que não é de admiração aos EUA, mas de mendicância por migalhas de apoio dadas pelo Trump. 
Estes subalternos políticos, para manterem-se no poder, se utilizam do fascismo, nazismo, populismo de direita ou os três juntos. 

Trump conseguiu que o Brasil fizesse “uma cena” de conflito Brasil e China para ele fazer a sua atuação comercial. Quando o Brasil deixou de comercializar o agronegócio com a China, quem vendeu para os chineses? Os EUA. Negócios são negócios, alianças à parte. Países não são amigos, apenas têm interesses comuns.

Existem alguns projetos comerciais que estão em plena ascensão, como por exemplo, a Rota da Seda (sim, parece um projeto da antiguidade, mas é um dos grandes projetos sustentáveis chineses para este século) e o Projeto Eurásia, onde a Rússia e a Turquia e mais um conjunto de outros países do oriente médio, fazem acordos comerciais com a Europa. 

Russos e chineses são aliados e concorrentes dos EUA. Mais concorrentes que aliados. 

Mas as alianças que o governo Trump propôs não deram certo. A França, por exemplo, não está na mesma situação que o Brasil, pois tem um governo independente (liberal ou socialdemocrata) e seus próprios acordos comerciais que dão lucro. As táticas de formação de guerras comerciais do Trump geraram um grande isolamento comercial para os EUA. Isto vai deixar sequelas por um bom tempo.

Feliz está a China que ampliou sua atuação comercial. Para os chineses, os EUA terem o Trump como presidente foi um bom negócio. O Trump se atrapalhou na sua política. Os chineses aprenderam a dominar o “diabo conhecido”.

Os democratas são mais perigosos para os chineses, porque fazem guerras com pólvora e geram um estrago muito grande em vários de seus aliados (sejam políticos ou comerciais). 

A rica extrema-direita americana financia a todos

É uma grande ingenuidade, ou falta de informação, imaginar que a rica extrema-direita financia apenas o Trump e os republicanos. 

A Corporação Koch Brothers, por exemplo, que financiou Trump, também financia os democratas e grande parte da base parlamentar americana, que é católica.

Em setembro de 2015 o Papa Francisco, fez um discurso no Congresso dos Estados Unidos. Uma nova pesquisa do Fórum Internacional sobre a Globalização (IFG) revela que o bilionário do petróleo Koch Brothers gastou pelo menos US $ 23 milhões para eleger 62 congressistas católicos. 

Os Koch Brothers estão em sétimo lugar entre os grupos bilionários do mundo. São descendentes políticos do ex-senador paranóico anticomunista Joseph McCarthy. 

A Koch Brothers tem como um dos seus maiores negócios o petróleo. Possuem diversas  refinarias nos EUA, madeireiras, indústrias de papel e é dona de marcas como, por exemplo, a poderosa Lycra.

A Charles G. Koch Charitable Foundation, organização para financiar programas de ensino e pesquisa, fez doações a cientistas para disseminar que a mudança climática é um fenômeno natural, não causada por atividades humanas. 

Outra área de atuação é o armamentismo. Doam milhões à National Rifle Association (NRA) e fazem vários lobbies para combater restrições à posse e porte de armas. São conhecidos militantes racistas no combate aos direitos civis. São grupos, muitas vezes armados, que atentam contra cidadãos negros americanos. Quem assistiu o filme “Infiltrado na Klan” viu na sua última cena uma ação real contra os negros montada pelos Koch Brothers. 

Aqui no Brasil financiam os movimentos “Estudantes pela liberdade” e “Movimento Brasil Livre (MBL)”. E vale observar que o MBL rachou com o Governo Bolsonaro, que é considerado de extrema-direita. Pode parecer incoerente, mas não é. A extrema-direita não se resume a um grupo de milicianos momentaneamente bem sucedidos. A análise tem que ser política e bem mais aprofundada.

Os nazistas não perderam a guerra, estão atuando entre nós e principalmente nos governos americanos. Quem perdeu a guerra foram os alemães. Os nazistas foram para os EUA e, já de cara, criaram todo programa espacial americano no governo Kennedy, fundamental para o desenvolvimento da maior indústria de guerras da história da humanidade.

Toda esta dissertação sobre a atuação da extrema-direita americana visa desestimular este frenesi de vitória da democracia aludida às eleições americanas. 

Relembrando Einstein, que dizia “Nós não podemos resolver um problema, com o mesmo estado mental que o criou”, não imaginemos que superaremos a luta contra o nazi-fascismo a partir do país que os acolheu e financia grande parte de sua política entre os republicanos e democratas. Trump não foi o primeiro nem Biden será o último. 

O que há de positivo na eleição americana

Estamos vivendo um período onde os símbolos são mais significativos do que a análise político-econômica.

Uma mulher negra ser eleita vice-presidente é um bom símbolo. Ajuda a dar coragem e perspectivas a uma série de movimentos necessários para a emancipação das mulheres e dos negros na construção de uma sociedade mais justa e mais humana. 

Tirar da presidência um presidente que privilegia o patético também é bom, pois, em tese,  dá menos força direta a alguns grupos de extrema-direita em países como o Brasil. 

Mas não vamos nos iludir de que o que se deseja construir é um mundo melhor. Na fase atual do capitalismo, a destruição da sua base produtiva mais frágil não é um problema. 

Vamos ver políticas que não se importarão com o aumento da pobreza e serão até eugenistas, eliminando “custos desnecessários” e “seres inferiores”; uma visão recorrente do nazismo.

Aqui no Brasil, com a eleição de Biden/Harris, podemos aproveitar para fortalecer os movimentos das mulheres e negros. Mas, na minha opinião, o mais importante, neste momento, é lutar pela criação de uma democracia que nunca existiu: um governo popular-democrático. É um dos passos mais fundamentais para avançar na conjuntura e lutar pela emancipação do povo brasileiro.

Os governos da socialdemocracia brasileira abdicaram dessa proposta pela democracia burguesa. 

O desenvolvimento do capitalismo distópico

Leon Ayres (abril de 2019)

Trabalho e lucro

O lucro, segundo Adam Smith, David Ricardo e Karl Marx, é a apropriação da mais-valia através da cadeia produtiva da economia. 

Smith considerava que o lucro estava associado à propriedade privada do capital. A  renda de um empresário dependia do volume dos seus investimentos. Para ele, o lucro é criado pelo mercado pela lei da oferta e da procura. 

Para Ricardo, a renda do empresário é o que sobrava depois de pagar os salários e os custos de produção. Quanto maiores os custos salariais, menores seriam os lucros. Nesta teoria, a qualificação do operário traria melhores taxas produtivas e melhores salários.

Marx utiliza a compreensão de Ricardo, mas considera que o desenvolvimento da técnica individual utilizada na produção não aumenta a produtividade nem os salários. Ele coloca o trabalho como parte da mercadoria a ser produzida, sejam produtos ou serviços. As características das técnicas de produção coletiva, assim como as forças políticas e econômicas é que vão definir o valor dos salários. Isto seria resolvido na luta-de-classes, onde quem tiver mais força conseguirá impor melhores lucros ou salários.

Estas teorias vêm sendo utilizadas nos últimos cem anos e têm balizado as correntes político-econômicas. Veja o artigo “Do liberalismo utópico ao liberalismo científico”.

Capitalismo desenvolvimentista 

Esta fase do capitalismo tem como fundamento a apropriação da mais-valia através da cadeia produtiva da economia. O trabalho gera os produtos e serviços.

Desta forma, para alavancar a economia, será necessário que a massa de operários tenha empregos e bons salários. Com bons salários haverá compras de bens e serviços. O comércio alavancado faz encomendas nas indústrias que conseguem aumentar a sua produção. O setor de serviços cresce em função da melhoria geral e ajuda a alavancar a economia. O setor agrário e a pecuária são beneficiadas pelo mercado interno.

Este tipo de capitalismo foi adotado pela socialdemocracia do pós-guerra, como forma de conciliar a luta-de-classes (pacto social) e distribuir os lucros entre os empresários e operários de forma que beneficiassem aos dois. 

A Alemanha, tendo o tipo de governo que for, sempre adotou este tipo de capitalismo internamente. Bons salários, bom comércio, uma boa política industrial e bancos estatizados.

Estatizados? Os banqueiros foram expropriados pelo Estado? Não, banco estatizado é um banco que tem a obrigação de investir em produção. Os municípios alemães traçam as políticas de investimentos dos bancos conforme as características das regiões onde atuam. As regiões têm suas aptidões produtivas. Os bancos investem nessas aptidões. No Brasil, quem disser que gostaria de ver os bancos estatizados seria taxado de comunista. A Polônia adotou esta mesma política de obrigar os bancos a investirem conforme as políticas de produção baseadas nas aptidões de suas regiões e tem passado ao largo da crise econômica mundial. A Polônia, inclusive, tem um governo de extrema-direita.

Nestes países os bancos não reclamam. Têm uma margem de lucros menor, mas têm garantia que o país não passará por sobressaltos e poderão criar políticas de médio e longo prazo.

As “crises” capitalistas

Após a “crise”, ou calote, de 1929 o mundo passou a regulamentar a economia para evitar novas “crises”. Este acordo de regulação começou a ser negociado no Tratado Bretton Woods. Uma série de regras foram criadas para dar aos norte-americanos a legitimidade e hegemonia financeira e econômica. Neste período foi criada a paridade ouro-dólar, tornando esta moeda a referência internacional. 

Quando a Europa avançou na criação do seu bloco econômico, que se tornaria a União Européia, criou a sua moeda internacional, que atualmente se chama Euro. Neste período, o governo Nixon quebrou unilateralmente o acordo de Bretton Woods e o valor do dólar passou a ser flutuante, baseando-se na sua relação com o petróleo. Ou seja, novas “crises” (ou calotes) à vista. O primeiro deles, a crise do petróleo. Quem tinha dólares e pouca força econômica, “perdeu”.

Nos governos Busch, pai e filho, a regra era acabar com as regras. Sistema financeiro livre para provocar as “crises” que achassem conveniente para aumentar os lucros através da acumulação de capital. Bolhas econômicas permitidas, assim como investimentos sem o mínimo de controle. Surge então, em 2008, a “crise” imobiliária americana. De volta à 1929, onde o capitalismo rentista, que não é obrigado a investir em produção, volta a lucrar às custas de uma tragédia financeira, industrial e aumento mundial da pobreza.

O capitalismo rentista ressurge com força e se opõe ao capitalismo desenvolvimentista.

Capitalismo rentista

Seu desenvolvimento se consolida entre a Década de 70 e 80. Os governos Busch fazem a sua parte. Enquanto Busch filho enchia a cara de whiskey o seu vice Dick Cheney enchia os bolsos dos rentistas. O mundo via ressurgir o rentismo, agora em sua fase mais rica e poderosa.

Nesta fase, o capitalismo começa a prescindir das forças produtivas para alavancar sua acumulação de capital. Ao invés de criar as condições para melhores salários, melhoria do comércio e da indústria, os rentistas vão direto no bolso dos mais fracos e tiram o capital. Através das grandes corporações financeiras, geram investimentos em papéis, que geram mais investimentos e lucros sem que haja nenhuma contrapartida em produção. É o capital financeiro gerando apenas capital financeiro.

Acumular capital ocupando os governos, traçando políticas de drenagem do capital das indústrias e bancos mais fracos é bem mais rápido do que alavancar a economia pelo modelo desenvolvimentista. O processo desenvolvimentista é mais sólido, porém mais lento. Por que esperar tanto tempo? Como se dizia em 1929, “quem tem dinheiro manda”.

Mas o rentismo também cria condições conflitantes para o capitalismo. Daí surge a verdadeira crise para o capitalismo, a deterioração das forças produtivas. As indústrias perdem sua capacidade produtiva (desindustrialização), o desemprego aumenta, os salários diminuem e o comércio vende menos. Este é o neoliberalismo que surfa nas ondas da globalização, acumulando capital através do rentismo em todo o planeta.

Surgem os “novos donos do mundo”, imperadores que, através das suas grandes corporações, dominam e sugam o sangue de uma série de países. Em 2001 esta odisséia não se dá apenas no espaço, pois são donos das maiores empresas de tecnologia, mas também na interferência direta nas políticas dos países e nações, criando guerras e movimentos separatistas. Destruir ou separar, para comprar barato, vender serviços de recuperação através da engenharia, endividar as populações através de créditos bancários, comprar o futuro dos povos através de aposentadoria privada que nunca ocorrerá, vender celulares e desejos, esta é a política adotada pelas grandes corporações. No início do Século XXI os novos donos do mundo tinham cerca de um quatrilhão e duzentos trilhões de dólares para comprar à vista o que quisessem. Isto é cerca de vinte e cinco vezes o PIB do mundo. Daria para acabar com a miséria, a fome, as doenças em todo o mundo e ainda continuarem trilionários!

Capitalismo-de-Estado

A China, que é mais inimiga dos russos que dos americanos, fez uma opção diferente para o desenvolvimento capitalista. Adotou o que nos anos oitenta se denominava capitalismo-de-estado. Trata-se de um desenvolvimento capitalista planejado e controlado pelo Estado. 

Após a tomada do poder pelos Maoístas, foi decidido como política prioritária o desenvolvimento do setor primário para alimentar a sua grande população que se encontrava em estado de miséria. 

Para alavancar a acumulação familiar da riqueza no campo, no final do Século XX, a China adotou a propriedade privada no campo. Para fortalecer o mercado interno a China criou o sistema previdenciário. Desta forma, ao invés do cidadão chinês “guardar o seu dinheiro debaixo do colchão”, ele poderia aderir ao sistema previdenciário e poupar o que estava guardando como reservas. A poupança alavanca investimentos e cria um mercado consumidor.

No segundo momento a China decidiu investir no seu setor secundário, através de joint-ventures.  Eram parcerias entre o governo chinês e empresas multinacionais, que permitiam que estas indústrias recebessem incentivos para montarem suas estruturas produtivas na Mandchúria. A mão-de-obra era muito barata e não se pagava pelo local onde eram construídos os parques industriais. A exigência era: entra capital e saem produtos. Remessas de lucros eram taxadas de forma severa. As empresas se tornaram grandes exportadoras, os salários melhoraram e a China começou a incorporar tecnologias. O mundo reclamou muito dos chineses acusando-os de copiar produtos e vender por um preço mais baixo. O setor secundário chinês cresceu muito e hoje tem tecnologia para fazer produtos mais baratos, tanto de baixa quanto de alta tecnologia. A China também desenvolveu tecnologia militar capaz de manter suas disputas apenas no campo comercial.

Uma das características do capitalismo-de-estado é que o Estado cuida para que o investidor e empreendedor industrial tenham mais garantias de sobrevivência. O próprio Estado indica quais setores estão mais favoráveis para crescimento e neutraliza as ações predatórias das empresas maiores que acabam engolindo as mais fracas. Com isto a China pôde planejar e controlar o seu crescimento que já esteve a onze por cento ao ano!

A China entrou no mercado financeiro e industrial internacional com uma proposta um pouco diferente. Criou um banco que empresta dinheiro a juros bem mais baixos e faz parcerias econômicas diferenciadas das grandes corporações. O objetivo das grandes corporações é acumular rapidamente o capital e comprar quem faz negócios com elas. A China empresta dinheiro mais barato, faz parcerias comerciais e tecnológicas visando o desenvolvimento do parceiro comercial. Em troca, a exclusividade nos negócios. O Negócio da China prosperou. 

Esta é a política capitalista que ameaça aos norte-americanos, que vêm perdendo espaço comercial há alguns anos. Por isto os BRICS têm que ser destruídos, gritam todos os governos americanos. E nesta hora os russos são grandes aliados.

Mas há uma grande sinuca-de-bico nesta história. Os chineses são os maiores parceiros comerciais dos norte-americanos e os EUA são os que mais compram da China. Um não pode destruir o outro. 

Um novo conflito imperial

O capitalismo do Século XXI herda a deterioração das suas forças produtivas, a voracidade pela acumulação incessante do capital e seus conflitos internos.

Estamos vendo em quase todo o mundo um movimento político que está se tornando um grande desafio. Não é algo muito fácil de compreender. É o capitalismo em sua nova fase, pós-neoliberal e com sequelas trazidas pela globalização.

A voracidade pelo acúmulo de capital é inerente ao desenvolvimento do capitalismo. Se ele para de se alimentar, morre. Os novos donos do mundo sabem disso e atualmente combatem todos aqueles que não estiverem dispostos a alimentar, na boquinha, este tubarão branco faminto. Sabem que qualquer retrocesso na acumulação de capital poderá representar prejuízos financeiros que os colocarão em risco diante dos seus concorrentes  financistas. Um tubarão faminto pode devorar um outro da sua mesma espécie. 

O modelo desenvolvimentista que é predominante na socialdemocracia, obviamente, também representa perigo para os financistas. Para alavancar a economia gerando empregos, salário e industrialização, o modelo desenvolvimentista socialdemocrata tem que recapitalizar e fornecer crédito para os operários. Isto representa drenar capital do sistema financeiro para a população assalariada. 

Por isso o capitalismo financista está empenhado em eleger setores retrógrados, em diversos países, que ficam à serviço das corporações como garçons ávidos por gorjetas. Este tipo de atuação é muito antigo, fez parte das táticas formadoras das ditaduras latinoamericanas, africanas e asiáticas.  

O neoliberalismo trouxe sequelas para parte das forças econômicas que não participaram do banquete da globalização. Produtores pequenos e médios, em diversos países, foram prejudicados.  

Nos EUA, estes produtores foram afetados após a “crise” de 2008. Quando os EUA saem de uma crise econômica, crescem entre três e quatro por cento. Nesta última o crescimento foi pífio. As grandes corporações ganharam com a “crise”, mas o pequeno e médio perderam. Isto gerou o descontentamento aproveitado nas últimas eleições presidenciais. O que ganhou as eleições não foram as fake-news nas redes sociais, foi a base política do interior do país que foi prejudicada nesta manobra globalizada. Por esta razão estamos vendo nos EUA um movimento nacionalista mais forte. Foi assim que os republicanos aproveitaram esta oportunidade de retornar ao poder através de um discurso nacionalista de reconstrução dos EUA. Não foi a direita quem deu força ao Trump. Foi a conjuntura em declínio, com quedas de produção e reduções salariais, que fizeram brotar uma visão nacionalista e o reaparecimento da extrema-direita americana.

Para estes setores econômicos não é muito bom participar da globalização. Esta cria regras comerciais que facilitam a vida das grandes corporações, mas prejudicam os pequenos e médios. Produzir e comercializar só é fácil para quem está na hegemonia da globalização.

E este conflito de interesses entre os que não se beneficiam da globalização também está acontecendo na Europa. 

No Reino Unido, o empreendedor inglês, que construiu a sua empresa e alavancou o seu país, agora tem que se curvar às regras da União Europeia. Regras que favorecem mais aos empresários alemães e franceses do que a ele. Regras que também pioraram a sua produtividade e estão rebaixando o poder aquisitivo da população de classe média, média e baixa principalmente. Então grande parte da população preferiu sair da União Europeia e voltar ao antigo modelo inglês. Mais uma vez, as quedas de produção e reduções salariais, fizeram brotar uma visão nacionalista.

Em todos os países onde o empresariado nacional está sendo prejudicado pela globalização a alternativa está sendo o movimento nacionalista. Não é a extrema-direita que está ditando o desenrolar do processo, atua apenas como uma doença oportunista. 

Rumo ao capitalismo distópico

Como vimos, o neoliberalismo e o capitalismo financista prescindem parcialmente das forças produtivas. Já há muita riqueza acumulada, é só drenar contiguamente para as veias das grandes corporações.

Mas é possível prescindir quase que totalmente destas forças produtivas em razão do avanço tecnológico. A robotização, a tecnologia da informação, a interação entre os equipamentos já são instrumentos de acumulação de um novo tipo de capital que ainda está obscuro. E para os novos donos do poder é melhor que assim fique.

A produção e o consumo de bens de alta tecnologia já ocupam grande parte dos ganhos de capital representados por bens de consumo. Está ficando cada vez mais barato, fazendo com que os lucros sejam exponenciados em um tempo mais curto. 

O que o novo capitalismo está prescindindo é do próprio ser-humano. Estes podem ser descartados como objetos inúteis se não se tornarem o novo capital. Para o novo capitalismo o ser humano, como um todo, já é um capital. Quanto menos capital o indivíduo representar, menos ele terá valor nesta nova fase.

Os civis mortos na guerra, os assassinatos de pobres nas cidades, as crianças desnutridas na África e várias outras mazelas enfrentadas pelo seres-humanos não são mais emotivantes e nem  mobilizantes. A morte, principalmente de quem não tem poder, não é mais um tabu. Neste cenário ressurgem as linhas que se identificam com este padrão ideológico resultante destas relações político-econômicas. O preconceito de cor,  atividade sexual e a classe social acentuam-se. Ressurgem os movimentos nazistas. 

A utopia pressupõe um futuro que será alcançado a partir de algumas rupturas com o presente. A distopia é um presente sem futuro vivido através da opressão. Estas são experiências de muitos povos neste momento e que não interessam a este capitalismo que alguns classificam como distópico. A perspectiva da distopia é a  humanidade experimentar os instrumentos de dominação dos que não são capitais econômicos: a opressão, o desespero e a agonia.

O que estamos vendo no mundo é uma disputa entre o capitalismo pós-neoliberal e o seu filho, o capitalismo distópico. É Édipo tentando matar o seu pai. Por isto vamos ver alguns setores liberais brigando com setores que são erroneamente classificados como extrema-direita. 

Para tentar reverter esta situação é necessária uma análise diferenciada. Não podemos fazer uma avaliação simplória achando que a  extrema-direita esteja dando a linha política e tomando o poder. Mesmo com o desaparecimento ou diminuição da extrema-direita, o capitalismo distópico ainda existirá. 

O capital tecnológico da informação

Imagina-se que os robôs humanóides um dia irão se virar contra a humanidade. Bobagem, estes serão inofensivos e se tornarão eletrodomésticos. Serão comprados no supermercado como os computadores atuais, que já fizeram parte do imaginário como futuros dominadores da humanidade. A robótica deve ajudar bastante a medicina, e neste caso, a sua utilização será extraordinariamente útil. Os robôs que dominarão a humanidade já existem, estão dentro dos celulares e por trás deles há apenas seres humanos e softwares. 

As pessoas vivem diante dos seus celulares e não sabem que estão sendo dominados por robôs. Eles não são visíveis. São softwares simpáticos, aparentemente inofensivos e usados para comunicação com as pessoas. Eles monitoram a vida das pessoas, conhecem seus costumes e desejos, sugerem produtos baseados nos seus símbolos e muitas vezes os hipnotizam. As pessoas não conseguem mais ficar sem olhar para eles e responder imediatamente aos seus avisos e chamadas. Gera ansiedade e compulsividade, que servem para alavancar o consumo de produtos, serviços e remédios. Um milagre para multiplicação de síndromes. Tudo isto é capital. Se você não é ansioso, nem compulsivo, não atende de imediato os celulares ou softwares, cuidado, você pode não ser interessante para este novo tipo de capitalismo. Então terá que ser um ser-humano independente!

Para o capitalismo distópico é necessário que o maior capital de todos, o ser-humano, deva ter seu cérebro dominado. É para aí que estamos indo. Vemos isto nos filmes de ficção científica, onde empresas do mal tentam dominar o cérebro das pessoas para dominar o mundo. 

Na vida real os donos do mundo estão fazendo o mesmo, com instrumentos diferentes que dos filmes de ficção científica, cujos donos das empresas do mal, são rejeitadas pelo público. Na vida real os donos dessas empresas, às vezes são considerados filantropos e alguns idolatrados. 

Liderança

Devemos lembrar que passamos a maior parte do tempo nos escritórios e que não somos apenas peças de uma engrenagem ou “ratos do Skinner”.  Ser chefe é bem mais do que ter conhecimento técnico para construir algo ou prestar determinadas serviços.

É necessário liderar. E liderar não é ter capacidade de comando, pois as prerrogativas do cargo já oferecem este poder.  Liderar é conduzir um grupo para algum lugar. E este lugar também não é apenas o produto ou serviço que estamos oferecendo. É um lugar onde as pessoas vivem e convivem.

A palavra “ética” originalmente significa o local onde você vive e “ethos” as relações que as pessoas estabelecem neste local. Quando vivemos e construímos precisamos entender a ética e o ethos.

Evidências baseadas em ciência

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“Evidências não são provas, mas suspeitas.
Tudo confirma aquilo que acreditamos.”

A observação e a medição

Hipóteses serão sempre hipóteses até que sejam confirmadas ou rejeitadas através de nossas observações e experimentos. A nossa imaginação é a alavanca que pode transformar a visão imaginária em uma visão próxima do real, que nunca será totalmente atingida. A realidade é intangível, nunca teremos um contato pleno com ela, pois somos seres limitados com parcos recursos de interação e que nunca permitirão que a encontremos plenamente.

A nossa visão de mundo é determinada pelo que podemos ver e medir. Aprendemos que temos apenas cinco sentidos e com eles experimentamos alguns tipos de medição que sempre nos revelam ilusões. Somos sempre surpreendidos por ilusões de ótica, auditivas, táteis, gustativas e olfativas. Há uma inteligente frase popular que diz “não acredite em nada que você ouve e metade do que você vê”. É uma dose de humildade que nos leva a questionar nossos cinco sentidos como instrumentos de medição mais rudimentares. A neurolinguística já compreende que temos pelo menos mais dezesseis outros sentidos, dentre eles o de equilíbrio e da distância, por exemplo. São sentidos mais complexos porque utilizam combinações dos cinco sentidos, mais as experiências do aparelho psíquico.

Ciência e Crença

Por trás da ciência há sempre uma crença que nos leva a utilizar instrumentos de medição a partir de paradigmas filosóficos. Nos primórdios, a ciência tinha como base a visão da causa original da(s) Divindade(s). No monoteísmo, por exemplo, tudo vem de Deus e tudo faz parte dessa realidade divina. O mundo é de Sua criação e todos os fenômenos que dela possam advir. Todas as observações e experimentos comprovavam esta fenomenologia e toda a heurística conseguiu intervir na realidade e permitir inovações e evoluções tecnocientíficas.

A Terra já foi o centro do universo. Durante este período todos os astrônomos e matemáticos se utilizavam deste conceito para mostrar uma realidade que, como sempre, era cientificamente comprovada. Através de cálculos precisos os navegadores chegavam exatamente onde queriam. A medição do tempo, os processos agrícolas e outras atividades humanas eram regulados por esta ciência comprovada, que permitia um grande domínio sobre a realidade. Por trás desta ciência havia uma visão filosófica de Aristóteles. Tudo parecia estar corretamente observado e medido. Havia evidências e heurísticas que comprovavam o modelo científico.

Copérnico propôs algumas alternativas ao modelo geocêntrico, pois havia pesquisado filósofos que haviam sido descartados pela Grécia Antiga. Platão, Aristóteles, Pitágoras e outros filósofos religiosos foram decisivos para o descrédito de antigos pensadores Sofistas e filósofos pré-socráticos, que eram relativistas, matemáticos e observadores do universo. Copérnico para chegar às suas conclusões se contrapôs de um aparato filosófico religioso de cerca de 1.500 anos que também demostrava cientificamente os fenômenos através da observação e medição regular da realidade. Pagou um preço caro por isto.

A filosofia vem para justificar nossos atos e é determinante na formação científica

Sócrates e Platão

Sócrates e Platão eram religiosos e aristocráticos. Por isto tinham uma visão absoluta da realidade. Eles vieram para cumprir o papel de “serial killers” dos Sofistas que eram pensadores relativistas. Até hoje o termo “sofisma” traz consigo a ideia de um pensamento falso ou enganador.

Os Sofistas eram contratados pelas famílias mais ricas, e políticos, para serem formadores dos seus filhos, ensinando-lhes a arte de pensar e criar, assim como aprimorar suas técnicas de oratória. Sócrates entrou na concorrência e desembainhou sua espada contra estes filósofos, abrindo espaço para Platão. Sócrates com sua hábil técnica de questionamento enfrentou os pensadores Sofistas. Usou o próprio relativismo e um pouco de aporia para diluir o pensamento relativista dels. Platão trouxe uma nova corrente filosófica, aristocrática, para justificar a estrutura de classe daquela democracia dos “homens livres”.

Esquema-Platao

O trabalho não enobrece o ser humano

Só após o desenvolvimento do protestantismo e da revolução industrial, o trabalho se tornou uma atividade nobre. Antes só as “classes inferiores” faziam o trabalho. Os nobres e “homens livres” se dedicavam ao ócio criativo, ao pensamento, à filosofia e a apreciação do belo.

Platão divide o conhecimento em dois níveis. No nível inferior encontram-se as classes inferiores, com seu mundo de crenças e ilusões através da observação da realidade através de suas sensibilidades e ilusões (sombras). No nível superior encontram-se a ciência e o que ele denomina de ideias. Este é o nível dos “homens livres”. Platão cria em sua estrutura um objetivo mais elevado, o Bem, onde o “homem livre” encontra-se com o divino, quase como uma hierocracia.

O Mito da Caverna é uma construção de idealidade dos “homens livres”. É um pensamento preconceituoso e classista que ganhou a aristocracia, justificando suas práticas político-econômicas. Observando a realidade o Mito da Caverno ajudou a mostrar as evidências do desenvolvimento do conhecimento humano, a base de uma ciência que até hoje praticamos.

A filosofia platônica usou seus paradigmas para fazer suas observações, mostrar evidências e desenvolver sua heurística.

Aristóteles

Aristóteles realiza uma espécie de unificação dos 2 mundos platônicos, cabendo à filosofia não mais a tarefa de libertar os seres humanos das correntes da ignorância e do erro oriundo dos sentidos, mas o papel de diferenciar aquilo que é essencial do que é acidental nas coisas. Nasce em Aristóteles uma visão diferenciada, essencialista e qualitativa da realidade. O que era religioso passa a ter um caráter científico. A mulher, que antes havia nascido da costela de Adão, neste momento tem uma análise científica das suas “precariedades”. Enquanto a alma do homem levava duas semanas para se estabelecer no corpo, a da mulher demorava quatro.

Aristóteles apesar de dar uma concepção material das coisas, religioso assim como Platão, mostra o Bem como causa final de tudo, vinculando a existência aristocrática com um caráter divino.

E toda a ciência se baseou nestes fundamentos filosóficos e instrumentalizou a observação das evidências, até Copérnico.

Em Aristóteles a ciência baseada na sua filosofia observou as evidências e se comprovou.

Descartes

Descartes duvida de tudo, até das verdades matemáticas (“meus sentidos me enganam, o gênio maligno talvez se divirta comigo com relação às evidências matemáticas.”). Descartes, apesar de se basear em observações matemáticas, duvida, pois afirma que duvidar é pensar! Ele propicia o nascimento do Idealismo Moderno onde a filosofia explica o mundo a partir do sujeito pensante. O “ser” (existir) é a dimensão da sua própria investigação. Se penso, então existe um pensamento. Para pensar é preciso ser. Eu penso, logo existo.  A palavra “logo” é a chave para a solução deste silogismo. É ela que indica que trata-se de um raciocínio. Descartes considera que raciocínio faz parte de uma intuição continuada. A evidência é a recompensa pelo esforço da dúvida.

O Positivismo

Augusto Comte, professor e filósofo, criou o termo Positivismo e dedicou a sua vida a estudos que tinham como objetivo observar o Universo a partir dos três estados evolutivos da compreensão humana.

O primeiro estado seria o Teológico que explicaria os fenômenos naturais a partir das vontades de entidade(s) divina(s). O segundo seria o Metafísico, onde o ser humano projeta sua própria psicologia para a natureza de forma antropomórfica. E por fim o estado Positivo onde o ser humano renuncia ao entendimento da causa final e dos motivos da existência. É a base do nosso atual pensamento científico, onde a fenomenologia esgota a curiosidade da investigação.

O positivismo é uma linha filosófica que se desenvolveu bastante entre meados dos Séculos XIX e XX. Ele foi muito importante na tentativa de ruptura com modelos mais religiosos. A compreensão fenomenológica deu novos ares aos modelos científicos e permitiu que outras disciplinas também fossem incluídas no rol das ciências. Criou a sociologia como a maior de todas. Mas esta ruptura com a religião não foi tão definitiva. Também criaram uma igreja, a Igreja Positivista, e o seu lema: “Ordem, Progresso e Amor”. Ordem, por afirmar que o universo é estruturado; Progresso, porque observa que as coisas estão em contínuo processo de mudança; e Amor, contradizendo o próprio estado Positivo, a causa final da existência. O amor, que antes era divino, passou a ser um elemento científico. Na nossa bandeira há apenas as duas primeiras afirmativas, mas que adquiriram significados diferentes. O Brasil sempre foi um grande bastião do positivismo.

O método científico positivista baseia-se na observação fenomenológica, tentando reproduzir construções mais gerais do universo em constructos resultantes de experiências em laboratórios. Desta forma as evidências são observadas a partir de um modelo laboratorial parcial, descontextualizado. Mas são consideradas evidências científicas e muitas vezes incontestáveis.

Este modelo baliza o método científico atual, pois o positivismo ainda é a filosofia predominante. Como afirma o Professor Leandro Karnal: “o positivismo morreu, mas o seu cadáver ainda cheira na academia”.

O Idealismo Alemão

Georg Wilhelm Friedrich Hegel traz contribuições para a compreensão da realidade, um pouco diferente do Idealismo Moderno de Descartes. Seu pensamento influenciou vários filósofos e contribuiu para a reformulação das análises históricas e políticas.

O sistema hegeliano não é fácil de ser compreendido e frequentemente distorcido. Aprendemos que neste sistema há três momentos: tese, antítese e síntese. Mas Hegel nunca afirmou isto em sua obra! Há, nos meios acadêmicos, uma tentativa errada de entendimento de Hegel por utilizarem viciados métodos de simplificação conceitual. Os grandes estudiosos do filósofo afirmam que estes três momentos não fazem parte de sua filosofia.

Hegel entende a fenomenologia como fazendo parte de um todo, de uma realidade única e infinita. Esta realidade infinita rege todos os acontecimentos de seus elementos de uma forma ideal e inteligível. Para Hegel “todo o real é racional”, é “Ideia”. Esta é a compreensão Idealista.

Hegel trouxe a compreensão de uma dialética que afirma que o ser não é composto apenas de si mesmo, mas também do seu oposto. Desta forma a ideia de que um oposto seria uma contradição passa a ser entendida como um complemento necessário ao movimento e ao “vir a ser”. Hegel resgata uma visão filosófica que afirma que um ser tem sempre uma potencialidade de vir a ser outro.

Desta forma a observação de um ser não pode levar em conta apenas aquela existência momentânea. Também deve levar em consideração a suas potencialidades e processos de mudança. Tal método de observação também deve ser aplicado ao próprio observador. Para Hegel as evidências são temporais, podem ser modificadas ao longo do desenvolvimento do observado e do observador.

O Materialismo Dialético

O Materialismo Dialético não nasce, mas se desenvolve bastante com Carl Marx, um discípulo de Hegel. Marx e Engels faziam parte dos Hegelianos Revolucionários. Mas a partir das publicações sobre o Materialismo do filósofo Feuerbach, Marx desenvolveu novos conceitos que denominou Materialismo Dialético.

A dialética desta linha filosófica é diferente e se contrapõe à dialética hegeliana, pois afirma que o ambiente modifica os seres e os seres modificam o ambiente.  Não há uma causa inicial ou final, mas um desenvolvimento interativo que flui a existência. O fenômeno guia e altera o ser que guia e altera o fenômeno.

Uma faceta importante do Materialismo Dialético é ver que as coisas só se desenvolvem se existirem condições favoráveis para o seu afloramento e que durante este período, de ascensão, já são criadas as condições para o declínio desta mesma existência. Com isto, segundo o Materialismo Dialético, poderemos entender o ciclo de nascimento e morte dos seres e dos diversos sistemas. O Materialismo Dialético, como instrumento de observação, permitiu observar e influenciar a própria história. Na formação e crescimento dos grandes impérios já residiam os elementos capazes de leva-los à sua própria destruição. Surge um entendimento de que a filosofia passa a ser instrumento de mudança através da prática, através da concepção desta nova dialética. Neste sentido Marx conclama a todos para serem donos da sua própria história, modificando as condições para as mudanças, permitindo que sejamos agentes do nosso destino e não apenas observadores do desenvolvimento natural dos sistemas políticos e econômicos.

O Materialismo Dialético abre um campo novo para o desenvolvimento das ciências, indo além da análise fenomenológica. O observador e o objeto observado se modificam o tempo todo como uma espiral que forma ciclos que passam pelos mesmos pontos, mas a cada passagem estão diferentes em qualidade (qualidade para o Materialismo Dialético significa alteração da composição de um ser). Cada vez que uma existência (um ser ou mesmo um mecanismo) passa por um ciclo terá ganhado mais elementos e mais experiências. É uma visão não linear do desenvolvimento.

É uma abordagem mais complexa porque não deixa de lado as complexidades dos seres e dos sistemas que estão interagindo. O Materialismo Dialético pressupõe uma eterna dúvida, mas traz a possibilidade de uma previsibilidade sem recorrer à simplificação que é uma tendência da ciência.

Observação e evidência se confundem no método.

De volta ao futuro

Carl Sagan, escritor e cientista, nutriu uma grande raiva por filósofos como Platão, Aristóteles, Pitágoras e outros, por terem propiciado um grande atraso à ciência. Para ele, os filósofos pré-socráticos já observavam o Cosmos com muito mais precisão do que todos os seus sucessores, exatamente por suas visões relativistas, que propiciavam maiores dúvidas e maiores perspectivas de observação da realidade. Os filósofos religiosos tem uma visão mais absolutizadora da realidade, com mais certezas e consequentemente com mais restrições de observação e análise.

Trabalhar na incerteza é praticar esporte radical na ciência. Você tem que correr riscos, mas através deles você entra em contato com fragmentos da realidade que você não havia imaginado antes. Por isto, o medo do risco vai fazer com que muitos se tornem receosos e busquem o tradicionalismo como fonte de certeza. O método científico ainda é positivista e deve ser questionado para que possamos observar e medir melhor. Não devemos abandoná-lo, mas usá-lo com desconfiança. Se o método científico não fosse questionado ainda estaríamos, com evidências, vendo o Sol orbitar em torno da Terra.

O que é ciência?

A literatura tem uma infinidade de conceituações e discussões sobre o que é ciência, mas vi uma professora fazer um exercício muito simples e interessante sobre o tema.

A professora distribuiu para os seus alunos algumas caixas fechadas com alguns objetos dentro. O objetivo era que cada um descobrisse quais objetos estavam dentro de cada caixa. Os alunos balançavam as caixas e a partir dos sons e pesos dos objetos tentavam descobrir. Pareciam bolinhas, borrachas, clipes, canetas etc. Ao final da experiência, não importaram os erros e acertos. O importante foi entender que aquela era a compreensão das dificuldades da pesquisa científica.

Fazer ciência é observar no escuro e tentar descobrir o que há lá dentro, tendo como referência os objetos conhecidos. Tudo pode nos confundir, pois um objeto dentro da caixa pode parecer com diversos que conhecemos.

Para fazer ciência através da inevitável comparação com objetos conhecidos precisamos ter domínio sobre os objetos conhecidos. E nunca teremos esta completude de conhecimento. Vemos inicialmente os objetos com os nossos sentidos. Mas estes nos enganam. Dependendo do onde estivermos os nossos sentidos nos darão apenas parte da informação de um determinado objeto.

Dependendo da distância que estivermos de um objeto a cor que vemos será diferente. Sabe-se que dependendo da distância de uma estrela ela parecerá mais amarelada ou alaranjada. O som da ambulância, antes de ela passar por nós será diferente após ela passar. Qual é a verdadeira cor e o verdadeiro som? Todos e mais aquilo que não vemos nem escutamos.

A matemática nos ajuda a enxergar. Se ela não for ingênua. A matemática aplicada dos físicos é mais maliciosa que a matemática financeira. Por isto, inclusive, que alguns bancos e instituições financeiras contrataram físicos para ajudar com a matemática aplicada. A ciência não é mais baseada na simples observação através dos nossos sentidos. A maioria dos astros e partículas que descobrimos não são vistos. E se a matemática muda, o que vimos pode se modificar. Ou seja, a mais exata das ciências nos deixa com incertezas. A ciência deve buscar certezas incertas e estar preparada para mudar de ideia.

E os meus pacientes?

Discutir evidências com profissionais de saúde realmente é complicado. Principalmente quando não se tem a experiência necessária para estar sozinho ou Perdido no Espaço. Deve-se aprender a trabalhar com a incerteza com a ajuda de quem já usa este tipo de paradigma.

Observar um pouco mais o universo de cada fenômeno entre a percepção humana e a física formal poderá nos ajudar a ter uma visão mais ampliada das evidências.

O modelo holográfico

O neurologista Carl H. Pribran se dedicou a um estudo mais aprofundado sobre a nossa percepção em função de um novo paradigma, o holográfico. Um estudo revolucionário que quebra uma série de paradigmas nos quais nos baseamos para observar a realidade.

Ele mostra que uma chapa holográfica que registra um determinado objeto (um carro, por exemplo), se cortada ao meio ainda tornará visível à outra parte faltante. Isto acontece porque todos os registros realizados pelos comprimentos de onda emitidos pela chapa holográfica contém a informação de toda a chapa holográfica. Com menos nitidez, mas mostra.

Para ele o nosso cérebro não registra ou trata as suas experiências em apenas locais especializados, mas em todo ele. Por isto afirma ser possível o próprio cérebro recompor razoavelmente atividades especializadas do cérebro em outras partes, dando a possibilidade de certa recuperação. Amplia-se a fronteira da observação apenas do orgânico e dá margens à compreensão de fenômenos que só são atribuídos aos milagres. Também fornece paradigma para ajudar a compreender a resposta placebo que tem poucos adeptos para este importantíssimo estudo.

 Pribran afirma que o modelo holográfico tem implicações nos campos da aprendizagem, meio ambiente, família, artes, cura e autocura. É uma nova abordagem do mundo das aparências e consequente questionamento sobre as evidências. Mais uma incerteza para evoluirmos.

Evidências médicas e sociais

Até pouco tempo atrás, os portadores da Síndrome de Dawn viviam no máximo 35 anos. Hoje chegam aos 70. Parte desta ampliação se deve às intervenções da medicina, mas o que mais ajudou estas pessoas foi a compreensão do sujeito que indicou a sua inserção social através de uma estimulação crescente em uma atmosfera amorosa e uma intervenção mais empenhada na sua educação. Isto ajuda o desenvolvimento e permite que os portadores desta síndrome tenham um tempo de vida mais prolongado e com mais qualidade. Há mais evidências a serem observadas pelos próprios médicos, em aspectos que antes não estariam dentro do seu campo de observação. Uma ampliação da vida pela compreensão e inserção do sujeito. Neste exemplo, as observações e evidências não são medidas por critérios objetivos, mas subjetivos.

A incompletude das evidências

Evidências são o resultado do que acreditamos e não os eventos ou elementos que confirmamos através de um método, seja ele religioso ou científico. Vemos o que queremos numa eterna ilusão de ótica. Até hoje a ciência é predominantemente guiada por desejos religiosos de harmonia do universo, uma harmonia pregada por todos os filósofos que estiveram a favor de uma concepção mística monoteísta. Grandes físicos dizem estar descobrindo a “partícula de Deus” ou o elemento que constrói todo o universo. Ilusões religiosas que estão em pauta há 3.000 anos, mas que levam à criação de métodos científicos. Mas a partícula divina está sempre pregando peças nestes fiéis expedicionários. Cada vez que um elemento é dividido, vários outros surgem, assim como uma infinidade de eventos. Até agora, cada partícula quebrada mostra um universo dentro dela.

Tudo confirma aquilo que acreditamos. Então não sejamos ingênuos nas nossas crenças. Busquemos paradigmas que nos permitam deixar confusos e aí descobriremos mais e aprenderemos mais. Se, a princípio, a ideia não é absurda, então não há esperança para ela, dizia Einstein.

Em toda a história da humanidade as evidências tiveram por trás um sistema filosófico. Fazer ciência é duvidar dela. É duvidar de si e das crenças. Afirmar que algo está provado cientificamente é um ingênuo ato de confirmação filosófica. Nada se sustenta, nada é sólido o suficiente para não se desmanchar no ar.

Escrevi este texto porque não vejo a realidade tão estável e harmoniosa. Harmonia é um conjunto de coisas que se imagina estarem interagindo de forma estável por um período de tempo. Pretensamente tranquiliza… Mas não consigo viver nesta harmonia, ela está parada. A minha inquietude é que me faz tranquilo e me dá a sensação da existência, de movimento e vida, pela própria incompletude.

Não tenho certeza das evidências. Eu e tudo aquilo que observo nos modificamos o tempo todo. Tenho que incessantemente (re)observar e refletir.

Leon Ayres de Mello Pacheco
abril de 2016

 

A grande confusão da percepção

Lendo os diversos textos, nesta discussão sobre pintura, filosofia, linguagem das palavras, conceitos etc., venho dar minha contribuição à discussão, do meu ponto de vista que é mais focado na física e na filosofia.

A maior confusão desta discussão está na cilada de questionar a linguagem das palavras quando ela se refere às percepções, através da linguagem das palavras. Acaba se tornando uma meta-análise de linguagem das palavras, através dela mesma. Vejo muita poesia nos textos que falam das artes plásticas. A cilada laçou o artista plástico com as palavras, ao tentar explicar a sua obra e dos outros…

Então, qual caminho deveríamos trilhar? Nenhum. Engatinhamos no construir do nosso caminho, ainda vaidoso e ingênuo. Vamos entender as palavras e percepções, pois uma influenciará a outra, mas não conseguirão se integrar totalmente, além de que não chegaremos a nenhuma conclusão que não estivermos dispostos a encontrar.

A realidade é intangível, nunca poderemos conhecê-la. Pelas nossas projeções entramos em contato com suas diversas Ordens. A compreensão das Ordens é importante para compreendermos os limites dos nossos contatos com a realidade. Ordens não são dimensões (às vezes confundimos as duas), mas maneiras distintas de existir. Por exemplo, a dor e a explicação dela. Impossível explicarmos a dor. Usamos, por exemplo, a linguagem das palavras para nos referirmos a ela, mas quem nunca sentiu a dor não conseguirá entender. A linguagem das palavras é de uma ordem diferente da sensação da dor.

Da mesma forma sensação visual é de uma ordem diferente da linguagem das palavras e isto não quer dizer que quando falamos à respeito de uma outra Ordem estaremos aprisionando-a. Estaremos apenas tentando nos referir a ela dentro dos seus limites de cada Ordem.

A Teoria da Incerteza, de Heisemberg, nos ensina que quando estamos na experiência de uma Ordem não teremos a chance de experimentar outra, mas apenas nos referenciarmos a esta outra. Cabe à nossa maturidade perceber esta limitação, nos divertirmos e evoluirmos com ela.

O saber do olho é apenas do olho e das palavras apenas das palavras. Com as palavras não conseguiremos experimentar o saber do olho, nem com o olho poderemos experimentar o saber das palavras. Nós somos um aparelho desenvolvido a partir de aparelhos maiores e com mais tempo de existência. Não conhecemos nenhum dos dois e por isto voltamos à situação da incerteza.

O físico David Bohn parte do princípio que o ser humano tem duas experiências marcantes: a transcendente e a imanente. Ele chama de transcendente a experiência que se apoia em observações e conclusões. E de imanente a experiência onde concluímos com nossos mecanismos mais gerais de percepção. Um homem do campo, muitas vezes sabe que vai chover, mas não consegue explicar como ele percebe. E não precisa de todo este instrumental teórico e prático dados pela informação que foi concluída por estudos e experimentos. Para David Bohn a experiência imanente antecede a experiência transcendente. Ele afirma que, mesmo nos seus trabalhos científicos, ele já sabe o que quer encontrar, mesmo não tendo esta clareza ao longo das suas pesquisas.

Então, quando estamos no campo das artes, também estaremos utilizando as duas experiências em várias Ordens. E por sabermos apenas que as cores são variações dos comprimentos de onda da luz, nunca teremos certeza do que estamos vendo. Dependendo da distância, a cor é outra. Os astrônomos já sabem disto, já que, ao se aproximarem mais dos objetos que há anos observam, perceberam uma notável mudança de cor.

As cores somos nós!

Leon Ayres

14 de junho de 2015

Do liberalismo utópico ao liberalismo científico

Do liberalismo utópico ao liberalismo científico em PDF

“As aventuras da socialdemocracia na busca de sua identidade”

A socialdemocracia em 1 minuto

Ao longo de várias décadas, a socialdemocracia vem tentando ocupar seu espaço na luta politica. No início do século XX foi inserida nos movimentos revolucionários proletários, optando por um dos lados do conflito entre capital e trabalho.

Após a Segunda Guerra a socialdemocracia já perdera o seu caráter revolucionário, afirmando ser possível a conciliação entre o capital e o trabalho. Este pacto social propõe que a classe dominante retorne para os trabalhadores parte da mais-valia apropriada na produção de riquezas, assim como o arrefecimento da luta revolucionária trocando-a por outra, por melhorias de vida. Começaram as experiências com transferências desta mais-valia através de programas de ganhos remuneratórios proporcionais à lucratividade das empresas. Em tese, se a empresa lucrasse mais, os empregados também receberiam mais.

Este programa de distribuição de renda foi largamente experimentado na Europa, onde os trabalhadores da Volkswagen, por exemplo, obtiveram considerável melhoria dos seus padrões de vida.  Mas os donos e os trabalhadores da Volkswagen, dentro dos seus objetivos competitivos, também perceberam que ganhariam mais se não adotassem esta mesma política de distribuição dos lucros nas suas filiais em outros países. A Volkswagen no Brasil produz e exporta mais que a alemã. Através de arrocho salarial, a mais-valia dos trabalhadores da Volkswagen brasileira retorna para a matriz em forma de lucro. Para ser socialdemocrata na Europa necessita-se utilizar de políticas liberais na América Latina, por exemplo.

No Brasil a Varig operava um modelo onde, em tese, todos os seus funcionários seriam cotistas da Fundação Ruben Berta, empresa holding da Varig e as várias outras que compunham o grupo. Este modelo conceitual, nunca implementou uma política de participação nos lucros a partir do aumento de produtividade. A Varig sempre ofereceu ganhos indiretos e benefícios através dos serviços como descontos de passagem, restaurante a preço baixo e serviço médico nos locais de trabalho etc.

A socialdemocracia içou suas velas para navegar, mas pegou fortes ventos que balançaram o barco para a esquerda e para a direita. A economia capitalista tende à expansão em uma tentativa natural de transformar tudo em capital, para sua própria sobrevivência. Isto extrapola as forças de contensão socialdemocrata sobre o capitalismo, na sua intenção de torna-lo ”mais humano”.

Engels se esforçou em mostrar a visão ingênua e utópica de correntes políticas que acham que a classe dominada vai tocar o coração da classe dominante através de belos princípios humanistas. O liberalismo não é monolítico e nele também há uma corrente que acha que a classe dominante pode ter o seu coração tocado e “dividir o pão” para construir uma sociedade MENOS desigual e um capitalismo mais humano e estável. É a Utopia do liberalismo progressista.

De outro lado vemos um liberalismo conservador, expansionista, que domina a política macroeconômica mundial, através do mercado financeiro e das guerras, levando o capitalismo ao estágio do império dos oligopólios, previsto por Marx.

Fábrica de crises

O liberalismo é um sistema que se desenvolve a partir de uma percepção e foco na atuação individual e não coletiva, e por isto cria uma noção de direito individual e não de necessidade da coletividade. Esta ideia apoia a institucionalização da propriedade privada, apontando para visão econômica que visa a acumulação concentrada de riquezas.

O liberalismo autointitulado progressista acredita que o sistema capitalista deve se preocupar em evitar, ou minimizar, as desigualdades para fortalecer a economia. Para os liberais progressistas a acumulação excessiva de capital cria condições vulneráveis para o sistema capitalista, criando crises que propiciam mais acúmulo de capital por alguns poucos, gerando mais miséria e suas mazelas.

Os liberais conservadores (intitulado pelos liberais progressistas, de predadores) acumulam capital de forma rápida e incessante. Estes liberais são donos dos maiores bancos, instituições financeiras, indústrias bélicas e de alguns países também. Eles formam as grandes corporações que atualmente têm, em dinheiro, 1,2 quatrilhão de dólares disponível para comprar à vista. Isto é cerca de 20 vezes tudo que é produzido em todo o mundo! É o Hot Money, um dinheiro que vem rápido e totalmente disponível. Estes liberais conservadores financiam a eleição de vários governos que atuam como instrumentos de transfusão de capital das veias dos trabalhadores para as grandes corporações.

Segundo o analista americano de política e economia Thom Hartmann, a crise de 1929 (a Grande Depressão) trouxe diversos ensinamentos para estes liberais. Naquele período tudo se desvalorizou. Então, quem tinha dinheiro na mão comprou barato. Apesar de milhões de americanos ficarem desempregados, de a produção industrial cair pela metade e provocar a quebra de mais de 5.000 bancos, a crise criou as maiores fortunas americanas. Na época o lema era “dinheiro vivo manda”. Após este período, muitas medidas de controle do sistema financeiro foram adotadas para se evitar que uma nova crise acontecesse. Mas várias medidas foram derrubadas nos governos Reagan e Bush Jr. A crise de 1929 foi criada a partir de uma sistemática que vemos bastante nas propagandas das campanhas eleitorais nacionais pelos partidos políticos que se propõem à “modernização da economia”.

A descriminalização de drogas letais

Uma forma de você transferir renda do capital para o trabalho e vice-versa é através da tributação diferenciada dos impostos. Também é uma forma de você controlar a economia para que os que os que têm grande capacidade de acumular capital e comprar não criem situações críticas para o sistema como um todo. Impostos são a forma tradicional de transferência. Podem ser progressivos e às vezes até incidir sobre o patrimônio. Quando os impostos sobre os mais ricos estão abaixo de determinado patamar (nos EUA 50%) há um acelerado acúmulo de dinheiro, o Hot Money, que pode comprar tudo a preços baixíssimos e criam-se as bolhas de crescimentos artificiais que acabam desestabilizando a economia.

Na década de 20 os americanos propuseram a redução do imposto máximo de 91%, para milionários e bilionários, para 25%. Privatizaram órgãos e atividades governamentais, desregulamentaram vários setores. O lema era “menos governo nas empresas, mais empresas no governo”. Segundo os analistas econômicos americanos, estas medidas levaram ao crash de 1929.

As regras adotadas após a crise de 1929, para se evitar que uma nova crise acontecesse, sofreram modificações ao longo do governo Reagan. É derrubada a Lei Antitrust, que permitiu a crescente junção entre empresas, tornando-as monolíticas. Igualmente se beneficiaram da Reforma da Previdência, tirando dinheiro dos aposentados para o sistema financeiro. Outro mecanismo que beneficiou o ataque predatório foi a desregulamentação do sistema bancário americano.

Estamos diante de mais uma crise, que explodiu em 2008, mas começou antes, e que, segundo Thom Hartmann, criará em 2016 um novo crash. Para ele esta crise, assim como as outras são tecnicamente provocadas para acelerar o processo voraz de acúmulo de capital.

Nos EUA uma bolha no mercado de hipotecas propiciou a transferência de renda da classe média para o mercado financeiro através de investimentos em Derivativos.

Derivativos são investimentos financeiros que recebem esta denominação porque seu preço de compra e venda deriva do preço de outro ativo, um bem ou outro instrumento financeiro. Por exemplo: o mercado futuro de petróleo é uma modalidade de derivativo cujo preço depende dos negócios realizados no mercado a vista de petróleo, seu instrumento de referência. O contrato futuro de dólar deriva do dólar a vista, o futuro de café, do café a vista, e assim por diante. Estes investidores não são obrigados a divulgar publicamente o montante disponível em carteira. Trata-se de um tipo de investimento obscuro, e não apenas para quem está de fora.

O negócio, apesar de complexo, tem uma lógica bem simples, como em 1929.

Criou-se uma bolha com a elevação artificial do preço dos imóveis que levou a um crash que abalou a economia americana e mais uma dúzia de países, como pinos de boliche. Os investimentos Derivativos indexados pelo mercado de hipotecas despencaram. Imediatamente as grandes corporações mudaram de posição e investiram neste mercado. Ou seja, compraram a preços irrisórios. Em seguida compraram as casas que haviam se desvalorizado nesta crise. A empresa Blackstone Group (atuante nos mercados financeiro e bélico), em um dia, comprou milhares de casas em Atlanta. Subiram os rendimentos dos investimentos de Derivativos indexados pelo mercado de hipotecas. Mais um lucro com apenas uma operação. E por aí vai… As grandes corporações acumularam mais capital, transferido, nos EUA, da classe média. Estes investimentos em Derivativos, que permitem especulações que podem levar à pobreza boa parte da população mundial já foram considerados crime nos EUA! No governo Reagan a legislação foi modificada. Uma descriminalização de drogas letais! Segundo relatórios da ONG Oxfam International, após a crise de 2008 a desigualdade aumentou em todo o planeta enquanto dobrou o número de bilionários…

Deverão ser cerca de 10 anos de crise. Tempos favoráveis à radicalização dos movimentos políticos, que em época de crise, tentam aproveitar a conjuntura para uma tomada mais rápida do poder e mudar o modelo político, ou, em contrapartida, tentar garantir a preservação um modelo em desgaste ou obsolescência.

UFC Brasil: conflitos de interesses entre os liberais e socialdemocratas

No Brasil os liberais conservadores dominaram a economia desde o golpe civil-militar, estruturado em benefício dos liberais e operacionalizado pelos militares brasileiros.

A socialdemocracia brasileira se estruturou durante as lutas contra a ditadura. A maioria das organizações que combatiam a ditadura ainda não tinha percebido quais eram seus verdadeiros programas máximos em função de terem como foco mais importante o inimigo comum. Em um movimento de descontentes, nem todo mundo tem o mesmo projeto.  O MDB foi um ambiente favorável para o desenvolvimento de um centro político cultural para a modelagem da emergente socialdemocracia pós-ditadura. O tolerante MDB nasceu com a finalidade de abrigar diversas tendências políticas em suas fileiras. Com o avanço da conjuntura, os socialdemocratas foram ocupando o cenário político, com expressões como o sindicalismo de base operária industrial, o trabalhismo, o socialismo moreno, o social-liberalismo etc.

A socialdemocracia sindicalista nasceu do vácuo político deixado pelos partidos comunistas brasileiros, que ao se subordinarem a estruturas internacionais acabaram se alinhando com políticas que naturalmente focavam mais as lutas políticas internacionais que a realidade brasileira. Os partidos comunistas brasileiros ligados à Europa ou União Soviética, por exemplo, tinham que muitas vezes abdicar de táticas para enfrentamento da luta de classe em função de proteger algum enfrentamento ou negociação internacional.

A socialdemocracia sindicalista fundou seu partido, aglutinando, no início, diversas tendências políticas marxistas, anarquistas, trotskistas e religiosas, órfãos de uma frente política que as abrigasse. Este foi o período onde a luta política enriqueceu-se, criando uma nova política de formação de base partidária popular que os partidos comunistas naquele período também não adotavam, uma vez que os investimentos destes partidos, na sua formação ou em períodos de repressão, são na qualidade e não na quantidade dos quadros.

Com o avanço e o crescimento da socialdemocracia sindicalista, a luta interna se acirrou. A corrente que fundou o Partido dos Trabalhadores se viu ameaçada pelas outras de orientações marxistas que formavam um bloco para tentar a hegemonia. Esta disputa, ganha pela corrente fundadora, denominada Articulação, foi chamada de “revolta dos bagrinhos”, um marco para definição de uma hegemonia que colocou no programa partidário a definição do seu caráter formalmente socialdemocrata. Foi neste período que várias correntes de cunho marxistas racharam com o partido, ou foram expulsas. Outros partidos socialdemocratas foram sendo criados simultaneamente com alguma expressão, como o PDT, PSB, PSOL. Na socialdemocracia, modelos liberais considerados progressistas foram agregados ao programa mínimo de diversos partidos para alavancar a economia, utilizando mecanismos de distribuição de renda e lucro através do controle de impostos e programas de transferência de renda.

Não vamos nos confundir por causa das siglas partidárias. O PSD e o PSDB, apesar das letras S e D, são partidos predominantemente liberais. O liberalismo mais conservador criou sua zona de influência política se inserindo em diversos partidos políticos brasileiros de: direita ou liberais. Até 2002 os liberais conservadores dominaram as políticas econômicas no Brasil com seus lucrativos planos econômicos. O modo de operar dos liberais predadores no Brasil não é diferente do resto do mundo. E os vimos nos endividando internacionalmente, quebrando a economia brasileira e adquirindo ativos preciosos a preços irrisórios. Mesmo o “milagre brasileiro” foi uma armadilha. Ficamos muito endividados e mais dependentes do mercado financeiro internacional. No Brasil, o liberalismo conservador sempre foi hegemônico, apoiado nas grandes corporações.

A adoção de programas de transferência de renda, a partir de 2003, principalmente para a população que não representa lucro mais imediato, contraria uma série de interesses liberais das grandes corporações. Para a população interessa o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e para o grande capital o Superávit Primário (quanto o governo economizou para transferir para as corporações).

Em épocas de crise, alguém tem que arcar com o ônus. As corporações têm que manter seu desenvolvimento capitalista e acumular. A compensação, em prol das corporações, se dá através do não pagamento de salários, garantido o lucro ou minimizando prejuízos da competição capitalista. Ou seja, o desemprego como instrumento de deslocamento de renda do trabalho para o capital. A socialdemocracia sindicalista brasileira optou por não permitir esta realização de lucros através do desemprego, o que gerou um grande descontentamento, mesmo de setores liberais que vinham dando apoio ao governo.

Reproduzindo o cenário mundial, o Brasil apresenta uma rinha de liberais e socialdemocratas disputando o aparelho de Estado para defender seus interesses. Pela utópica e frágil fundamentação, os socialdemocratas e liberais progressistas têm que ceder nas negociações.

Para a socialdemocracia brasileira, a tática de sobrevivência seria ampliar seu espectro político com campos mais comprometidos, não apenas com a melhoria de vida, mas com a luta para reincorporar a renda desviada do trabalho para o capital.

A Nova Ordem Mundial

Os liberais conservadores, que já têm o capital financeiro e a indústria bélica, já se preparam para o acirramento do enfrentamento político-econômico, criando, como sempre, as condições para um novo crescimento do fascismo, como suporte e proteção dos seus interesses em período de mais fragilidade.

A destruição e reconstrução de países virou um grande investimento no mercado de derivativos, indexados por setores ligados a serviços e produtos de alta tecnologia. O sentimento nacionalista baseado no conceito de território está se fragmentando na África e no Oriente Médio. Quem sustenta a unidade destas nações são a religião e a etnia. Uma nova ordem mundial está sendo criada a partir da lógica dos oligopólios.

Há cerca de vinte vezes o PIB mundial acumulado nas mãos de alguns bilionários. Com um quarto desta quantia poderíamos acabar com o desemprego, a miséria, a fome, muitas doenças e as guerras, em todo o planeta.

“Voceu”

(para minha filha Marina Perez, no seu aniversário de 24 anos)

Acho muito importante que saibamos nos diferenciar dos outros para que possamos usufruir da nossa individualidade. Isto pode não ser muito fácil, mas é extremamente significativo em se tratando da educação, principalmente dos filhos.

Vivemos em uma sociedade que anda na direção de um pobre individualismo, do tipo americano, mas que também mostra sinais contestatórios (tipo as manifestações que estamos vendo). Isto é positivo e importante o suficiente para questionamentos.

Vejo você crescendo e amadurecendo com responsabilidade. Você também assume a responsabilidade dos outros. Bom para a sociedade que pode contar contigo. Mas é importante pensar em certas situações onde melhor é a dor do amadurecimento que a alegria do irresponsável. Deve-se diferenciar o “você” do “eu”.

Você nasceu com um brilho que atrai o olhar dos “menorezinhos”. Cuidar deles talvez seja uma missão mística e poética. Você é filha da terra e dela brotam as florestas que fincam suas raízes.

Neste seu aniversário, meu olhar me coloca diante de dois vieses: tudo aquilo que estabiliza a sua individualidade e o que não estabiliza. Sei que muitas vezes sou duro, mas sacrifico meu próprio desejo de ter ver gostando de mim, por estar tentando ajudar a você crescer, se livrando de qualquer dependência minha, para que possa exercer com liberdade a sua individualidade.

Não quero me identificar com você. Misturar você e eu é criar um “voceu”, um narcisismo ingênuo e infantil. Você é a continuidade de si. Seu aniversário é a celebração da sua existência e comemoração de tudo aquilo que você propiciou com ela. Ainda bem que você existe e insiste. Quero te amar e te gostar do meu jeito: você não sou eu, é você e eu.

Os partidos políticos e o movimento popular no Brasil

Existem menos que oito linhas de pensamento no mundo na atualidade.  Do ponto de vista político existem as grandes linhas político-partidárias: fascismo, liberalismo, social-liberalismo, socialdemocracia, socialismo (forma que pode variar da socialdemocracia ou comunismo) e comunismo. Também existem pequenas variações que representam grupos específicos: democracia-cristã, bolivarista, monárquico, centenário (herança aristocrática turca), sionistas (de direita e de esquerda) etc.

Uma sociedade politicamente evoluída tem partidos representativos das grandes linhas político-partidárias. No Brasil há cerca de trinta partidos registrados, o que caracteriza um verdadeiro balcão de negócios e não um sistema representativo de ideias. Nos EUA só há liberalismo: os democratas e republicanos. É um país economicamente rico com uma representação política pobre. E alguns corruptos também se transformaram em presidentes ou elegeram presidentes que os representaram. Os Kennedy, por exemplo, eram contrabandistas de bebidas durante o período da lei seca e seu filho John foi morto pelos seus próprios aliados mafiosos. Vale lembrar que Las Vegas era uma terra de bandidos que foi legalizada. Na vida real, no velho-oeste americano, quem perdeu foi o xerife. Os bandidos se tornaram braços do poder através de uma grande negociação. É uma ingenuidade imaginar que há uma democracia moderna por lá. Ao imitá-los criaremos nossos “Charlie Waterfall” (Carlinhos Cachoeira), enriquecendo com contravenções legitimadas e financiando campanhas.

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O que atualmente no ocidente se denomina de democracia é o resultado da disputa da revolução francesa. Ela foi democrática para a classe social que estava ascendendo ao poder, subjugando a aristocracia. Atualmente ela está ultrapassada. Ainda temos muito a evoluir na construção de uma nova democracia para um futuro melhor para todos.

Devemos tentar aproveitar as oportunidades que o movimento popular oferece. Estamos vendo no Brasil que a hegemonia socialdemocrata aliada aos tradicionais corruptos (e aí não se entenda apenas como ladrões) está sufocando várias instituições que deveriam funcionar com alternativas de poder para a sociedade. Nenhuma grande hegemonia é saudável, mesmo aquelas que defendem os interesses que achamos mais legítimos. Há sempre que existir uma contraposição. Senão é a morte da política.

E no Brasil não há contraposição que se possa considerar legítima. A única contraposição que existe é a do liberalismo, que recentemente se apresentou com o nome neoliberalismo.  Enriqueceram mais ainda os ricos e empobreceram mais ainda os pobres. Seus aliados internacionais geraram a última grande crise mundial. Agora estão tentando retornar ao poder. O que há de novidade no Brasil é a lamentável formação de uma nova extrema-direita, que é diferente daquela hitleriana ou europeia. Ela tenta ser simpática, é fundamentalista e às vezes se traveste de ecológica. Ainda não tem uma grande força política, mas já é bastante atuante.

Felizmente todo organismo vivo cria anticorpos para sua sobrevivência.

Estamos diante de um movimento popular, de certa forma, espontâneo. Devemos estar atentos e participativos. Este ainda é um movimento de descontentamento. E em um movimento de descontentes nem todos estão querendo construir a mesma proposta. Há reivindicações de interesse popular e outras não. Ferem os seus próprios interesses.

Os partidos de oposição vão dizer que este movimento é de descontentamento contra a política do governo federal. O governo federal vai tentar tratar o movimento como democrático, tentar dilui-lo dentro da sua linha política, pois ano que vem é ano de eleição. O prefeito Haddad, de São Paulo, que no começo estava marrento e intransigente, teve que ceder, a pedido do Lula.

Os militantes partidários se infiltraram no movimento e foram chamados de oportunistas. A extrema-direita militarizada, em geral, envia seus militantes para insuflar o quebra-quebra, e agora o crime desorganizado também.

Ulisses Guimarães dizia que o que os políticos mais temiam era o povo nas ruas. E este temor fez com que PT, através do Haddad, e o PSDB, através do Alckmin, tentassem caracterizar o movimento, como um todo, de vandalismo para reprimir com rigor. Agora todos estão “simpáticos”, mas continuam terroristas. Anunciaram que cortarão investimentos, inclusive na educação e saúde. Uma grande mentira para assustar a população que desconhece que as verbas destinadas à educação e saúde não podem ser destinadas para outros fins.

A pauta oficial do movimento é pequena, pois nasceu do Movimento Passe Livre (MPL). Com as vitórias conquistadas, a tendência do movimento iniciado pelo MPL tenderá a diminuir. As faixas contra a corrupção, por mais investimentos (na saúde, educação e transportes), por exemplo, fazem parte de outra pauta mais ampla que ainda não tem um movimento capaz de dar resposta. Mas pode ser organizado.

Este movimento que estamos vendo, com todos os seus erros e acertos é a demonstração clara de que as coisas só mudam com PENSAMENTO e AÇÃO.

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Drácula

Drácula foi um cara muito inteligente, um excelente “marketeiro”.

Ele era um aristocrata Romeno que investiu muito dinheiro na defesa do seu país, principalmente durante as invasões turco-otomanas. Ele era muito rico e mulherengo.

Para assustar os inimigos criou uma grande propaganda como sendo um ser extremamente perverso e ameaçador (um costume dos exércitos). Ele disseminou que bebia sangue, empalava as pessoas etc.

Mas preservou a sua apreciação (e de quase todos os homens) pelo pescoço das moças. Suas propriedades se localizavam na belíssima Transilvânia, local onde muitos ficaram com medo de ir até lá.

Como “quem conta um conto aumenta um ponto”, hoje vemos uma infinidade de versões deste momento histórico que também se transformou em momentos histéricos. Mas também se transformou em arte.

Então vamos curtir…

Dia do Índio

Paradigmas a serem aprendidos com humildade

Atualmente a indústria química está dedicada aos estudos de vários remédios utilizados pelos índios da Amazônia, como por exemplo a copaíba, um excelente anti-inflamatório e cicatrizante. Melhor que a maioria dos produtos inventados pelas competentes indústrias inglesas, alemãs e americanas. É uma grande contribuição para a saúde.

Esta descoberta só está sendo possível porque os índios ainda existem.

Preservar as culturas vivas não é só respeitar os direitos de quem vive nestas terras há cerca de 500 séculos (no caso do Brasil). Também é fundamental para a preservação do conhecimento acumulado pela humanidade.

Os deuses não eram astronautas. O ser humano sempre foi engenheiro, médico, geógrafo, astrônomo, físico, químico e assim por diante. Ad aeterno.

Precisamos ter a humildade para entender isto e refletir nosso modelo de progresso e felicidade. Muitas destas culturas vivas, às vezes consideradas primitivas, já alcançaram estágios mais avançados do que estamos experimentando na atualidade.

Que um dia eu também me torne índio!

Assista Vídeo nas Aldeias, um projeto que visa mostrar a realidade de índios da amazônia através dos seus olhares.

video nas aldeias